quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sem novidades

Não. Não tenho novidades. A vida parece que estacionou. Nada parece acontecer. Ao menos, nada sensacional ou extraordinário. As coisas simplesmente seguem como vêm sendo.  Nem um arrebatamento. Nem uma previsão de viagem. Nem uma esperança de ver as perebas sumirem. Nem uma possibilidade de um salário que volte a me dar independência. Nem uma grande emoção, nem uma boa surpresa. Nada. Não que isso me torne infeliz, mas, até para sentar em uma mesa de bar, elejo a companhia. Tenho preferido os poucos amigos de verdade, os perdidos, os solitários, os pensantes da vida. Aqui, não há ouvidos para julgamentos, lições de moral, cobranças de otimismo. Quero ouvidos parceiros, de quem sabe mostrar a vida em suas vertentes boa e ruim. Quero ao lado gente de verdade, que ri e chora, que eu dê e receba colo, que cuide e aceite ser cuidado. Essas pessoas quase não existem, mas tenho buscado as poucas que tenho. Elas sabem conversar sobre o simples e o complexo, se emocionam com o cômico e o trágico, riem e choram comigo. Se não fossem essas pessoas, eu realmente estaria estacionada, em uma vaga distante, escura, sem vestígio de vida.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Que pena de você,

que um dia eu ajudei sem pensar duas vezes e nunca me perguntou como eu estava tempos depois,
que me definiu por uma pele de aspecto e tato diferentes,
que, pelo meu jeito introspectivo, me subestimou,
que não possa pensar uma milésima chance para o sentimento que, ao que se diz, seja mútuo,
que, por defender os homossexuais, pensou ser eu homoafetiva,
que me tratou como uma comida que se joga fora,
que é incapaz de dar a mão a quem quer que seja,
que me trata como invisível por qualquer motivo,
que, pela minha franqueza, não percebeu exatamente o sentido,
que me traiu em todas as possibilidades da palavra,
que tem o ego acima de todas as coisas,
que me mostra, em cada um, a preguiça deste mundo,
que não chora, não se declara, não ama, não ajuda e não sonha.