segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Apenas eu

Limpei. Lavei. Joguei tudo no lixo. Apaguei da casa e da memória o presente. Restou apenas o passado. Enxuguei os olhos para não mais chover por causa impossível. Abri os olhos para a vida. Coloquei um ponto final numa esperança iludida. Por acreditar em momentos, gestos ou palavras, criei uma vida, que destruí prontamente em meio à chuva, minha e da cidade. E, no meio da chuva, da cidade, fui para a rua e abri os braços para deixar o Carnaval me levar. Embriaguei-me de vida. Quero mais da verdade. Fechei as portas para as mentiras e ilusões. Zerei um dos meus incômodos. Se me arrependo? Não. Me arrependeria do que não poderia ter feito. A negativa me frustrou, doeu-me fundo. Mas, no dia seguinte, levantei-me. Tratei de levar tudo embora. Nenhum copo sujo. Nenhuma digital alheia à minha. Nenhum cheiro impregnado. Sou apenas eu. A liberdade de ser apenas eu.