sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Estréia cultural

Hoje registro a minha estréia (meu espaço fica fora da nova ortografia até eu decidir o contrário) jornalística na área em que sempre sonhei atuar. E, modéstia à parte, inaugurei-me com três gênios da música brasileira.

A quem quiser criticar, fique à vontade. :-)

Confira no Divirta-se

Hamilton de Holanda, Marcos Suzano e Jaques Morelenbaum gravam CD em show em Brasília


Ana Rita Gondim
Do Correiobraziliense.com.br



Um palco com grandes músicos interpretando obras-primas brasileiras e um CD que marque a união de um trio inédito é algo que um apreciador da boa música não pode perder. Os cariocas Marcos Suzano (pandeiro e percussão) e Jaques Morelenbaum (cello) e o carioca de nascença e brasiliense de criação Hamilton de Holanda (bandolim 10 cordas) gravarão CD ao vivo no Espaço Brasil Telecom em duas apresentações, nesta sexta-feira e neste sábado (27 e 28/02).

Os músicos privilegiarão os brasilienses em estreia mundial do trio com nada menos que um repertório que inclui Dorival Caymmi, Tom Jobim, Baden Powell e Egberto Gismonti, além de outros compositores brasileiros. “O disco manterá aquela respiração diferente, aquela nota que só sai em um show, diferentemente de um trabalho feito em estúdio”, garante aos fãs o bandolinista Hamilton de Holanda.

O artista explica que o trio oferecerá o máximo no espetáculo e espera que o público também vá com esse desejo. "Tocarei para encontrar a beleza, para encontrar as músicas certas, no roteiro certo, e para sentir o retorno do público sobre isso, quer dizer, a expectativa que eu tenho é de ter um namoro muito amoroso com a plateia".

A união dos virtuoses surgiu de uma participação especial de Marcos Suzano em um recente show do grupo do bandolinista – Hamilton de Holanda Quinteto – em Curitiba. No final de novembro de 2008, a parceria ganhou força no Festival de Jazz de Barcelona e seguiu para Itália e França com uma ideia a mais: gravar um disco juntos. No início de 2009, Jaques Morelenbaum surgiu para incrementar a turma. "O trio é de uma nacionalidade única, nunca vi esse tipo de formação, dá um ineditismo, e isso é bom pra gente, é bom para o público", vangloria-se o artista de gestos inquietos e apaixonados.

"Confesso que eu estou gostando e acho que as pessoas vão gostar também. O trabalho está sendo feito com critério de arrepiar, muita gente vai ficar emocionada. Eu sou muito crítico com as coisas que faço, é um repertório agradável e de releituras", conta o "Jimmy Hendrix do bandolim", alcunhado dessa forma pela imprensa americana.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Mares nos olhos

Perco o norte dos olhos distantes
Perco o brilho dos meus em instantes

Sem maracatus e sem Naná
Inundo por tanto sonhar

Tempestade após tempestade
Não é bonança, é calamidade

Mais um triste e longe carnaval
a ver de perto a alegria no jornal
vida com mais um ponto final

Solidão que se calcifica
O carnaval é triste para quem fica

E eu aguardo a alvorada
De um novo dia ensimesmada

Volto para Gabriel García Marquez – "Cem anos de solidão" faz-me sentir menos cem/sem

"A vida não faz mesmo sentido - a gente nasce pra morrer, a gente se encontra pra se perder, a gente se une pra separar, ama pra odiar."
Jason Manuel Carreiro

"Ou talvez a vida faça mais sentido já que a gente morre pra renascer, perde-se para se encontrar, separa pra sentir saudades, odeia por amar."
Poetriz

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Oração aos pés

Acordei com a sensação de que ali não me pertencia, de que ali eu não cabia. O corpo já não era mais confortável no espaço onde se despertava sorrindo. Não sabia a fórmula do riso. Os lábios amanheceram colados. O medo de pisar o chão fez-me tentar caber por mais um tempo. Não, não cabia. Para fugir da lucidez ou da quimera de antes, piso o chão. O medo fez-lhes trêmulos, indecisos, hesitantes. Talvez mais um passo em falso, em direção errada, com o sonho fabricado sob medidas e cálculos errados. Olhei meus pés e eles eram tortos. Entendi que deveria lutar contra eles, contra a direção a que me conduziam. Olho novamente e eles não são tortos, parecem ter vida própria e quererem me levar a lugares desconhecidos, a lugares que outros não iriam, a tantos lugares quantos sejam necessários para experimentar o máximo que cabe em uma vida. Mas descobri-me cansada de tantos vales, montanhas, cavernas, planaltos, desertos. Não queria mais visitar e despedir-me. Pedi, então, na manhã sem riso, que meus pés me levem a um lugar em que eu possa ficar, descansar, caber com meu riso, levantar-me sem medo, sem olhar o chão.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Espinhos frágeis

Disseram que sou negativa
É minha carapaça de caranguejo
No fundo, coração mole
Recheado de esperança
Frustrações tenho muitas
Decepções incontáveis
Não me prometa o sempre
Me garanta o presente
Este se tornará eterno
E por ti terei amor intenso

Disseram que sou intensa
Não soube refutar
A emoção é minha vida
Não economize atitudes
Não poupe elogios
Não meça palavras
Sou de aparência forte
E de interior frágil
Não se esqueça de me regar
Sou sentimento à flor da pele

“Um barco sem porto
sem rumo sem vela
cavalo sem sela
um bicho solto
um cão sem dono
um menino um bandido
às vezes me preservo
noutras suicido”
(Vapor barato – Jards Macalé e Wally Salomão)